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Olivia L.

FUNK E O ECOAR DAS REPRIMIDAS VOZES BRASILEIRAS

O Brasil é mundialmente conhecido pelo seu povo simpático, por suas belezas naturais, comidas e músicas. No âmbito musical, o espectro é imenso, passando pelo samba, bossa nova, MPB, funk e rap. Mesmo com suas particularidades, cada uma das diferentes batidas representa o país, seja ao contar a história do povo brasileiro ao longo dos anos, ou mesmo ao criticar as desigualdades sociais presentes no dia a dia da camada popular.


Por mais que, pelos olhares estrangeiros, todos os gêneros musicais brasileiros sejam igualmente eletrizantes, em território nacional, o funk é retratado de forma extremamente estereotipada. Pelos que o rejeitam, a justificativa é a constante apologia a atos criminosos em algumas de suas letras. Por outro lado, os apoiadores e fãs, que totalizam 20% da população brasileira, segundo a empresa de pesquisas de mercado Opinion Box, afirmam que a potencial criminalização do estilo seria uma intervenção à disseminação de diferentes culturas e uma prática racista, uma vez que o gênero musical tem sua história moldada pelos territórios periféricos e é apresentado, majoritariamente, pelos rostos negros do Brasil.


No final dos anos 70, o funk chegou em terras brasileiras e rapidamente dominou os bailes da área nobre do Rio de Janeiro: a Zona Sul. O gênero, ainda muito influenciado pelo ritmo norte americano, só adentrou nos subúrbios cariocas com a disseminação da MPB que, por sua vez, tomou lugar do funk nas festas da elite. Assim, o estilo, já dono de batidas mais aceleradas, passou a ser incorporado no Baile da Pesada, ocorrido semanalmente nas periferias fluminenses. No desfecho da década de 80, Fernando Luís Mattos da Matta, denominado DJ Marlboro, modificou o funk conhecido até aquele momento ao lançar o disco, intitulado "funk Brasil", com músicas do gênero totalmente nacionais, ou seja, sem intervenção das célebres produções estadunidenses ou presença da língua inglesa.


Na virada da década, as batidas do funk ecoaram novamente nos espaços desfrutados pela classe média e, indubitavelmente, a produtora Furacão 2000 teve grande influência nessa nova fase de disseminação do estilo. A agência embalou diversos hits e projetou a todo o Brasil inúmeros artistas de sucesso, como Bonde do Tigrão e Anitta, agora reconhecida mundialmente.


Certamente, o funk é uma ferramenta muito utilizada pelas comunidades para expor seus cotidianos. Ademais, atuando como uma espécie de microfone, o estilo musical é um fator essencial na expressão do jovem periférico, possibilitando a formação do discurso ativista por meio da arte, além da possível estabilização financeira e ascensão social, como é possível observar nos dados fornecidos pelo instituto Data Popular. No estudo, analisou-se que o público mais fiel ao funk é o jovem, contabilizando mais de 10 milhões de consumidores do gênero. Enquanto 22% vêem as batidas somente como divertidas para dançar, 26% encaram o funk como ambição, oportunidade e superação.


Dessa forma, fica evidente o marcante e contínuo papel do funk na manifestação cultural negra e periférica, identidades e espaços reprimidos por grande parte da sociedade brasileira.


Image Source: Politize!

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